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domingo, 19 de novembro de 2017

Sobre a natureza humana (ou mais uma história sobre nós)



Dizem que as coisas são capazes de nos fazer mal somente se permitirmos que elas façam. Se isto for verdade, sinto que acabei permitindo que você fosse longe demais quanto a afetar minha vida.

Sempre fui do tipo que, embora não hasteasse bandeira, tinha uma certeza profunda sobre minha auto-suficiência. Pensava que esse negócio de amor jamais me pegaria, e ao ver aqueles que diziam sofrer com isso eu dava risada.

Que besteira — eu pensava.

Talvez seja castigo do universo, hoje em dia eu me enxergar naquelas pessoas, sempre que penso em você. E, mesmo ciente do fato, não consigo evitar. 

Você chegou como quem não queria nada, aliás, realmente nunca quis. E foi sem pedir um pedaço sequer, que você me ganhou por inteiro. Só mais um no meio de tantos que você possuía, sem nunca se contentar.

Nós fomos a prova real de que o ser humano está sempre em busca daquilo que não tem, insatisfeito por natureza.

Nós fomos, ou será que ainda somos?


domingo, 17 de setembro de 2017

Sobre nossa solidão



Era um vazio que lhe paralisava.

Deitado em sua cama, olhava para o teto e não tinha forças nem mesmo para sair daquela situação. A casa estava vazia, era o único ali, e isto fazia seus pensamentos serem ensurdecedores em meio ao silêncio.

Parou por alguns segundos para pensar sobre alguém que pudesse lhe ajudar. Pegou o celular em busca de algum contato que lhe salvasse daquele momento. Ninguém parecia ser capaz de tal e ele voltou ao vazio.

Temos milhares de amigos nas redes sociais e ao mesmo tempo não temos ninguém — pensou ele, enquanto se virava na cama na tentativa de pegar no sono e acabar com a angustia que lhe acometia.

Daquela lista de contatos, outras cinco pessoas passaram por situações parecidas naquele mesmo dia. Os mesmos pensamentos e as mesmas conclusões. 

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Vivemos em uma época cheia de relações vazias. A maioria dos nossos amigos são somente pessoas nas redes sociais, as quais temos pouco ou nenhum contato.

Preferimos ficar em nossa solidão ao invés de dar o primeiro passo para uma relação mais genuína. As vezes por orgulho, outras vezes por medo. 

Vamos fazer a diferença?

domingo, 25 de junho de 2017

Meu erro


Uma rua errada e lá estava eu: em frente a sua casa — ou talvez nem seja mais.

Que erro! — pensei, ao entender onde havia ido parar.

Que puto erro! — pensei, logo após considerar parar ali para descobrir se ainda era realmente sua casa.

Sabe, é que nossa história teve um final tão estranho que as vezes eu me pego querendo começar uma nova história pra ver se as coisas saem diferentes.

Mas eu não tô aqui pra dizer que sinto muito e que me arrependo. Nós dois nunca fomos dessas coisas, espero que ainda lembre.

E se ainda houver lembranças, peço que feche os olhos e lembre de quando eu te abraçava forte e perguntava baixinho no seu ouvido se estava tudo bem.

Espero que esteja bem. Espero que sinta esse abraço...

Esse texto é tudo que posso te dar no momento.

Eu sei... Que erro!

— Hugo Lima

segunda-feira, 13 de março de 2017

Pergunta ao Silêncio



Sonhei com você na última semana, e desde então me pego todas as noites pensando naquele pesadelo antes de dormir.

Não foi um pesadelo por você estar nele, e sim pelas coisas que me disse.

“Estou saindo da sua vida para sempre.” — a frase que me tira o sono.

Acordei ainda de madrugada. O coração apertado e uma vontade enorme de te ligar no mesmo minuto ou assim que o sol apontasse no horizonte. Mas não fiz.

Alguns acreditam que sonhos são mensagens do nosso subconsciente; outros dizem que são premonições do futuro.

Já se passaram anos desde o nosso último encontro. Até que ponto este sonho foi sobre o futuro, e até que ponto ele remete ao nosso passado? Eu nem sei mais se você faz parte da minha vida, se eu ainda tenho você comigo, mas acho que a insônia traz um “não” como resposta.

O pesadelo era uma questão do meu inconsciente que não podia mais ficar oculta na minha cabeça. Mesmo ele havia cansado de ter essa dúvida guardada para si.

Pensei novamente em te ligar e acabar com essa história, mas tive medo do que eu poderia ouvir.

E com este medo, toda noite pergunto ao silêncio: Ela ainda faz parte da minha vida?

[…]

domingo, 6 de novembro de 2016

Carta pra Ela (e a Esperança de um Futuro no Passado)


Estou em casa com a família assistindo TV, e uma atriz de mesmo nome faz meus pais automaticamente perguntarem sobre você. Na mesa do bar os amigos perguntam sobre nós e não sei exatamente o que responder.

Nossa relação começou em um instante, e em outro qualquer acabou. Se tivéssemos percebido antes a direção na qual estávamos indo, será que teria sido evitado?

Éramos o casal perfeito, com todos os nossos defeitos. E de repente não nos conhecíamos mais. O Universo tratou de nos separar da pior forma possível: sem explicação nenhuma.

É, eu sei, eu continuo colocando a culpa no Universo quando não quero assumir minha parte de responsabilidade. Mas não foi por isso que não ficamos juntos, certo?

Aliás... por que mesmo não estamos juntos?

Sempre que deito na nossa cama eu fico olhando para o teto e essa pergunta se repete várias e várias vezes na minha cabeça. Sem resposta.

Onde você está agora? Seja onde for, espero não haver uma resposta ai também. Quem sabe um dia você cansa de procurar e volta.

Eu nunca fui de olhar para o passado, mas você é uma parte dele que eu gostaria de rever. E também a única que ainda posso ter.

Quem dera poder acordar novamente ao seu lado e sentir que as coisas voltaram (um pouco) ao seu lugar. 

[...]

— Hugo Lima